segunda-feira, 16 de julho de 2007

O Tico e os almoços no Liceu

Desde uma certa altura, para podermos ficar mais tempo na conversa, começámos a almoçar no Liceu. Havia assim um intervalo das aulas em que íamos comprar a senha do almoço ao SASE.

Entrávamos e o Sr. Freire tratava logo o C. por outro nome, assim meio na palhaçada, ao que o C. retorquia: "Como está Sr. Frade...?" Começava bem. Depois dissertávamos sempre imenso sobre a ementa do Liceu e fazíamos diversas piadas com as comidas, sobretudo na altura em que os Professores de Francês decidiram realizar uma semana gastronómica francesa, com "Quiche Matisse" (?!) e tudo.

Depois "brincávamos" sempre um pouco com o Tico, um cão feroz, a pilhas, absolutamente inofensivo a não ser com baínhas de calças. O Tico tinha a sua casota à porta do SASE, com umas fotografias ripadas de uma revista qualquer, coladas com fita-cola à sua humilde casa. O Tico não obedecia a ninguém, nem ao seu dono. Foi talvez o cão mais humilhado, gozado e vilipendiado de que há memória na cidade: teve diversas vezes fita-cola no seu pêlo, o que o deixava doido. Se ele estivesse distraído e lhe batêssemos na casota, desatava logo a ladrar e a rosnar, tipo Pavlov.

A minha memória vai falhando mas de certeza que há outras boas histórias sobre o Tico e também sobre os almoços que animaram o Liceu da cidade, protagonizados por estes vossos humildes escribas.

2 comentários:

Caleja disse...

Eu pedia um pouco mais de respeito para com Tico. Tico, embora pequeno, era dotado de um imenso "Câpa", o que impunha respeito, O "câpa" obrigava-o a andar de pantas dianteiras arqueadas.

Quanto aos almoços recordo-me dessa quiche "horribilis" que era composta, maioritariamente por vinagre. Este facto permitiu que uma "vaca sagrada" tivesse direito a uma omolete, enquanto os restantes indianos tiveram que continuar "mergulhados" naquele vinagrento Ganges. Aliado a toda esta injustiça, o "dona contina's pet" aínda protestou porque a omolete não tinha sal. Sem comentários...

streeker disse...

Apelidar o "Tico" de inofensivo implica apagar da memória colectiva a célebre mordidela que o animal deu no Prof. Abel, depois de este ter batido na casota.

Por outro lado, não se pode falar de cães sem se falar da "loba" e das suas inúmeras crias.