quinta-feira, 26 de julho de 2007

Adeus tristeza até depois

Adeus Condez até depois
nunca mais me catarás uns troquinhos
lalalala
nunca mais me roubarás uns trocadinhos
adeus irmã do Condez, adeus

Adeus Trocados até depois
foi a droga que te levou ah pois foi
nunca mais pediste trocos na cidade
lalalala
com o teu passo acelerado

Adeus Melão até depois
quantas vezes te vimos
no clube de vídeo da estação
agora és cantor do coração
esqueceste a Gália do Pendão

Adeus tristeza até depois
nesta nossa cidade dos cagalhões
onde há actores, cantores e dois anões
a loba e os lobos no liceu
Adeus Adeus

Todos: LA LA LALALA
LALALA LALALA LALALA

Adeus tristeza até depois
nesta nossa cidade dos cagalhões
onde há actores, cantores e dois anões
a loba e os lobos no liceu
Adeus Adeus

...

Obrigado pessoal. Até Setembro. Como se diz na cidade: Stay!
(Meia-palavra de fica bem=stay cool, cumprimento que no estrangeiro raramente entendem, questionando sempre: "Why stay!?")

quarta-feira, 25 de julho de 2007

No Voice Man

Não, não é nenhuma personagem de banda desenhada, nem se pode dizer com propriedade que é uma personagem da cidade (e os caros leitores já viram como esta espécie está longe de estar em vias de extinção). Esta é também uma história algo oculta mas que já valeu barrigadas e barrigadas de riso. Vamos lá ver se a consigo contar sem distorções narrativas.

Uma vez, ia eu a sair do comboio (acho que já andava na faculdade, não me lembro), aparece-me um sócio que tinha andado comigo no karaté. Era um tipo porreiro, tímido e cuja característica principal era não ter voz. Quer dizer. Tinha voz mas era uma não-voz. Era o que se costuma nomear como um "fala para dentro" (não confundir com "caga para dentro" que são pessoas com outros problemas de garganta).

Assim, este bacano do qual não me lembro agora o nome, apanha-me de surpresa e começa-me a fazer perguntas sobre a minha vida, coisa que eu odeio que estranhos me façam (ele não me era totalmente estranho mas nunca fomos os melhores amigos; acho mesmo que até nunca lutei com ele nos treinos).

Do seu rol infinito de perguntas a que fui respondendo com as minhas esquivas de bruce lee, a última rebentou comigo pois tinha a ver com o que eu ia fazer a seguir. Mau, isso já é demais. Não pensem os caros leitores que o rapaz se iria tornar um stocker, ele queria mesmo apenas converseta. ele sai-se com esta (imaginem agora um som cavo e fundo): "então, vais para a escolinha?..."

Eh pá, mas quem é que este gajo julga que é para me falar assim. Escolinha? Com aquela voz era mesmo um diminutivo que eu estava a espera de ouvir! Para além do mais já não ouvia a palavra escolinha desde que andava na primária e o meu pai dizia-me: "vai-te deitar que amanhã é dia de escolhinha".

Então o No Voice Man julgava que com o meu corpanzil eu ainda andava na escolinha?! Respondi-lhe já não sei o quê. A primeira vez que contei esta história ri-me tanto, tanto, que quase não conseguia chegar ao fim.

Parece estúpido, eu sei. Mas foi assim.

Já agora, que falamos de escola, peço ao Caleja que nos conte a história da expressão: Tás com pressa, então vai pr'a escola!" Vá lá...

terça-feira, 24 de julho de 2007

Ser maneiras

Ser maneiras não é ser alto
É andar curvado e meio de ló
Ter um boné com brincos esfarrapado
E umas botas mêmo Jimmy Dóile

Ser maneiras é parar à noite no Lena
E ter descolorado a franja do cabelo
Ter amigas com dentes podres e equizemas
E um cão feroz ca' ganda cena

E é muita maneirinhus ser assim
Ser feliz na cidade e rei do crime
É ser feio mas muita bonito
pra quem gosta de mim

Que são meia dúzia de gajos
como eu
Meia dúzia de punks rurais
como eu
Que me invejam a DT que eu roubei
E a gaja nojenta que engatei

Ser maneiras não é ser alto...

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Meias-palavras (já foram bués)

Caleja, reconheço que fui infantil com a minha reacção extemporânea.

Mais uns contributos:

Carca - Praia de Carcavelos; local onde passámos diversas tardes da nossa adolescência a enrolar a P. em areia, a jogar à bola, a passar rasteiras, a fazer merdum; Autocarro para Carca - transporte público no qual ainda detenho o recorde de enjoos e vómitos a escorrer acima e abaixo conforme os desníveis das estradas por onde a carreira passava; Local com uma Bola Nivea onde toda a gente se encontrava, e que mais recentemente foi também o ponto de encontro do famoso Arrastão
Saco - Gajo altamente irritante, insuportável e que, das duas uma, ou não tem amigos, ou tem demasiados amigos (todos sacos como ele)
Robby - Gajo porreiro; o seu diminutivo advém não do Capitão Róbi, mas do Robby Fowler, um jogador do Liverpool; mas a história da semelhança com a história do Capitão deve ter rendido alguma coisa, porque na carreira de futebol foi tão longe como o Vide
Coreto - local mítico onde se consomia unicamente amendoins e latas de cerveja, compradas na bomba de gasolina

Bom Fim-de-Semana!

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Ninja Americano IV

JLM lançou um desafio para a divulgação de meias palavras utilizadas, ao longo do tempo, na nossa Rua. Visto não ter sido correspondido no imediato, começou a amuar. Revelou uma faceta de "ninguém me liga", de "coitadinho" sem razão, atitude que sintetizamos como de Touchy.
ex:
"JLM, tás uma beca "touchy" com essa cena de não te terem respondido logo quando pediste? Tipo uma beca bué, não?"

Filéu: vide Filó, fininho
Babudja: entrar em cena de ropante, de forma apressada, sem se estar à espera; fazer algo sem pensar, sem plano prévio e de forma desorganizada; também pode ser alcunha de pessoa que tem a mania que manda em todos e é um funny nada maneiras.

Novos termos para a lista:

- Vide: abreviatura de Vidigal; pessoa alta, que não deve nada ao bom exercicio da práctica de futebol; amigo, companheiro e lider intelectual de um balneário heterogeneo (ex: "Ganda Vide!!!")
- Languí: proveniente de Languída; pessoa disposta a amar de forma selvagem sem critério de selecção; acção de se oferecer ao outro de forma demasiado descarada que nem parece verdade;
(ex: "Esta sócia tá uma beca languí, tá só aqui a bater-coro feio!")
- Sócio/a: pessoa com quem se está a falar ou a falar de; embora o termo possa demonstrar alguma confiança na relação inter-pessoal, isso não é necessariamente obrigatório; qualquer um poderá e deverá ser sócio; (ex: "Sócio!! Orienta aí uns trocos, mais ó caralho?")
- Trocos: quando alguém nos pede, na verdade não significa 10 ou 15 cêntimos, mas sim todo o dinheiro, relógio, telemóvel, calças de marca e ténis que possuimos na altura; (ex: vide supra)
- Grelucho: do latim grelus, grelo; não se refere ao vegetal que acompanha bem uma alheira de mirandela; referente a elementos de sexo oposto que tenham atributos físicos de relevo; (ex: " Como é que é grelucho? Baza baldar para te papar largo?")
- Grelucho largo: idêntico a grelucho, mas desta vez os atributos físicos são aínda mais relevantes; também pode ser o plural de Grelucho;
- Big Orê: pessoa dotada de orelhas maiores do que o permitido por lei;


Mais termos da nossa terra, brevemente, num post perto de si.

O provedor explica

Caro Amigo:

Há no seu post uma certa confusão. Vejamos. As derivações linguísticas a partir do conceito de "lado" são múltiplas e algo complexas. Começa logo pelo seu significado. Lado não é somente o que não está no centro ou que circunda alguma coisa. Lado é no fundo o melhor e o pior de cada um de nós.

Repare, posso dizer: "Aquele fdp deu-me uma pêra de ló", i.e. atingiu-me uma parte mais fraca, como por exemplo, as costelas. Posso também dizer: "Vi a gaja de ló, fdx tem um rabo de sonho". Está a ver. Há sempre aspectos positivos e negativos em abordar o conceito de "ladex".

Quanto às derivações que apresenta: "Lado" deu origem na cidade ao termo "Ladex" (o porquê é uma coisa que este provedor não sabe explicar). de "Ladex" derivámos para "Ló". Mas, no entanto, por vicissitudes várias intrometeu-se o conceito de "Fininho", que como bem explica invoca candura e delicadeza (cagar de fininho, por ex.) "Fininho" deu origem a "Finex". E foi a osmose entre "Finex" e "Ló" é que deu origem a "Filó" e "Filex" ou simplemente "Lex", talvez por influência da série Smallville.

Quanto a "Babudja", não faço puto de ideia, mas creio que é obrigatório pronunciá-la sempre com a língua enrolada. Tem parecenças com "Buja" (Imperial, Média, Cerveja) mas não tem nada a ver.

Sempre ao seu dispor,

JLM

Meias palavras III

Filó - Abreviação de "de fininho". Significa fazer algo com delicadeza ou subtileza.
Ló - Abreviação de Filó
Filex ou de lex - derivações de "de fininho", "filó ou simplesmente "ló"
Ladex - De lado
Babudja (algúem mais qualificado que explique esta por favor)

Meias-palavras (cont.)

Pronto, visto que se borrifaram para o pedido de ajuda, continuo com mais algumas meias-palavras que me lembrei entretanto.

Cói - Abreviatura de Cóino, i.e. Um pouco, Um bocado; o mesmo que uma Beca, um Pitz, um Conhê, um Bécz, um cadinho (expressão mais amaricada)
Baca - um gajo do lado de baixo da cidade de que muitos não se devem lembrar, ia frequentemente ganzado para as aulas; acho que não era abreviatura de nada de importante
Biro - abreviatura de Birolho, Zarolho, Quatrólhos
Pátio - abreviatura de um dos bairros da cidade; dizer Pátio bastava para se saber de que bairro se falava, apesar de haver outros que também teriam pátios
Tati - irmão do Z.; não sei o que abreviava
BSF - sigla de um dos bairros chungas da cidade vizinha. Fomos lá tocar uma vez mas os habitantes não gostavam de hardcore
Taba - abreviatura de Tabaco, um dos melhores guarda-redes que o clube da terra já teve

E já chega.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Meias-palavras

A mania de não se dizer as palavras por inteiro é aqui uma coisa tão normal como o Presidente da República nunca ter visto na cidade mais do que o nosso palácio.

Segue uma lista de meias-palavras (com grande inclinação para o "afrancesar" da sua pronúncia, prova da nossa erudição e craveira intelectual) e o seu desdobramento:
À vontê - à vontade
Baza baldá - Baza baldar (sair de cena)
Câpa - Caparro, físico musculado (usa-se por exemplo ao referir-se as camisolas de lycra que nos anos 90 inundaram o Liceu e a Noite: as camisolas do câpa)
Sâpa - Sapato de fino recorte, apropriado para executivos ou casamentos ou baptizados
Fâta - Fato completo: o sonho de alguns, associado a um cabelo puxado para trás, a rejeição de outros, mais afim de roupas pós-modernas
Grâva - Gravata; parte essencial do Fâta
No - Abreviatura de No Ending Street
Piri - abreviatura do nome de um amigo nosso
Poli - abreviatura do Pavilhão Polivalente do Liceu (vulgo sala de convívio ranhosa)

Caleja ou Àsvezesànoite, podem continuar?

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Esféfia

Experimentem procurar no Google a palavra esféfia.

Então já foram procurar? Vão!

*****


Se já foram, repararam que o conhecido motor de busca não apresentou qualquer resultado. E porquê?

Porque esféfia é uma raridade lexicológica. O que significa? Simples: é uma das palavras da cidade para "queca", o seu equivalente linguístico. Outros mais habilitados poderão explicar de onde surgiu esta expressão.

Por ora o que me interessava era mesmo colocar esta palavra no léxico do Google. E começar desde já a preparar o dossier de candidatura do nosso linguajar a Património da Humanidade! Viva nós! Viva a esféfia!

O Tico e os almoços no Liceu

Desde uma certa altura, para podermos ficar mais tempo na conversa, começámos a almoçar no Liceu. Havia assim um intervalo das aulas em que íamos comprar a senha do almoço ao SASE.

Entrávamos e o Sr. Freire tratava logo o C. por outro nome, assim meio na palhaçada, ao que o C. retorquia: "Como está Sr. Frade...?" Começava bem. Depois dissertávamos sempre imenso sobre a ementa do Liceu e fazíamos diversas piadas com as comidas, sobretudo na altura em que os Professores de Francês decidiram realizar uma semana gastronómica francesa, com "Quiche Matisse" (?!) e tudo.

Depois "brincávamos" sempre um pouco com o Tico, um cão feroz, a pilhas, absolutamente inofensivo a não ser com baínhas de calças. O Tico tinha a sua casota à porta do SASE, com umas fotografias ripadas de uma revista qualquer, coladas com fita-cola à sua humilde casa. O Tico não obedecia a ninguém, nem ao seu dono. Foi talvez o cão mais humilhado, gozado e vilipendiado de que há memória na cidade: teve diversas vezes fita-cola no seu pêlo, o que o deixava doido. Se ele estivesse distraído e lhe batêssemos na casota, desatava logo a ladrar e a rosnar, tipo Pavlov.

A minha memória vai falhando mas de certeza que há outras boas histórias sobre o Tico e também sobre os almoços que animaram o Liceu da cidade, protagonizados por estes vossos humildes escribas.

sábado, 14 de julho de 2007

Clone


Eu sei o que estão a pensar: "Então este sócio mete-me aqui o Sá Fernandes no dia de reflexão das eleições de amanhã para a CML?", "Isto não era um espaço de histórias da No Ending?", "Política, aqui? Isto não durou nem duas semanas sem impurezas...".

Tenham calma, pois vou explicar. Este senhor que está aqui a olhar não é o Sá Fernandes. Esta ilustre personalidade chama-se Bidu. Além de residir na nossa terra é uma das suas mais respeitadas personagens. Bidu, ao contrário de Sá Fernandes, seria incapaz de atrasar o pagamento de 35 milhões de euros por parte da CML ao Sporting Clube de Portugal. Aliás, já o imagino a colocar o dedo indicador e o do meio, da mão direita, na boca, de tão enervado estaria, se um dia soubesse de alguém que estivesse disposto a prejudicar ou a dizer mal do Sporting.

Este cartaz que aqui se apresenta é o original que Bidu fez quando concorreu à eleição de Delegado de Turma no 5º ano. Lembro-me bem, pois se ganhasse seria o seu último mandato (a inspecção para a tropa assim o obrigou). Sá Fernandes, aproveitando o afastamento precoce da politica por parte de Bidu (os ácidos terão sido os principais culpados), bem como as evidentes semelhanças físicas e psíquicas, plagiou este cartaz, adaptando o seu slogan.

Este texto pretende alertar que até este senhor terá os seus telhados de vidro, mas como hoje é dia de reflexão, prefiro relembrar Bidu a subir e a descer esta rua, montado nas suas Jimmy Doll, gritando "SPOOORTINNGGG!", mesmo quando esse não era o tema da conversa.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

"Ai coração de melão, melão, melão, melão.."

Continuando o périplo pela divulgação das personagens da nossa terra, hoje trago aquele que um dia se autodenominou "o fruto mais doce do Verão", o Melão.
Antes de ser um Excesso ou vedeta de Big Brother (Pseudo) Famosos, já era uma figura proeminente desta bela localidade à beira Jamor plantada.
Conhecido pelos seus dotes de dançarino (dançava de forma "chungosa" e lânguida tipo Alex do Mister Gay), era frequente a sua presença nas famosas raves que tinham lugar ao sábado à tarde na E.S.P.A.N. No meio do vário catanço que aí se practicava, consumo de ácidos, "mergulhos" de dançarinos menos experientes (mas não menos populares), emergia Melão, de vestimenta branca (homenagem a Roberto Leal?), a dançar que nem uma louca..
Desde de novo enverdou pela via empresarial. Era dono, com o seu pai, de um bar ("só lá tem bilhares", diziam os habitué) que tinham umas divisões suspeitas no andar de cima. De seu nome "Bar Brazil", possuía uma sugestiva luz vermelha à entrada e dizia um amigo meu que era um bar de "tipas". Nunca lá entrei, mas confío nele pois o seu irmão ia lá jogar bilhar...

Ao enverdar pelo mundo artístico (não ilegal), Melão virou costas às origens. Foram poucas ou nenhuma as referências que fez à sua terra e passado. O mais próximo que teve foi quando se comentou um possivel romance entre si e o Calado. É que Calado jogou no Estrela da A., colectividade de uma cidade vizinha à nossa. À parte disso, só me recordo daquela vez em que o encontramos no programa do Carlos Ribeiro e lhe dissemos de onde éramos. Com os olhos a brilhar, de forma emocionada, só conseguiu retorquir "Pessoal da Gália..."

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Fazer merda

Se havia momento pelo qual todos ansiávamos era o momento de fazer merda. Não me refiro obviamente às necessidades fisiológicas que todos temos: ao nobre acto de defecar. Refiro-me a essa inquietação do espírito que era decidir ou combinar fazer merda. Uma sensação única de adrenalina a que se seguia depois uma fuga desesperada.

Dentro desta designação cabiam coisas tão parvas como atirar pedras aos candeeiros da rua, atirar balões de água às colegas de turma ou, simplesmente, ir para um local público qualquer falar alto, dizer piadas ou gozar com os transeuntes.

A própria expressão conheceu alguma variação: fazer "merdum", fazer "mierda", ou o mais americanizado "do some shit".

O auge do "fazer merda" foi uma noite em que infelizmente não estive presente, denominada "noite da tempestade", que terminou com um dos participantes a mijar de uma varanda... Não está bem. Não está correcto.

Um segundo auge foi quando, numa visita de estudo a Mafra, nos pusemos a beber coca-colas de um armazém cuja porta estava entreaberta. Dessa vez, depois de sermos apanhados, fomos conduzidos até ao Presidente do Directivo e este disse a já famosa frase: "Vocês róbáááááram". Aos gritos. Também não era preciso tanto. Sentimo-nos uns criminosos durante alguns dias.

Hoje já há pouca gente na cidade a fazer merda como nós fizemos. Hoje rouba-se e bate-se logo ou então passa-se as tardes sozinho a jogar playstation. De chungas a nerd's. Foram estes os extremos onde nunca tocámos.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

O Condez

Quem na cidade não teve a infelicidade de se cruzar com esta personagem do Mal?

Era frequente, quando saíamos do Liceu, sermos abordados pelo Condez, sozinho ou acompanhado da sua irmã (?) lésbica (?). Apanhava-nos no corredor junto à Igreja ou então no túnel ao pé da Panificação. Não era muito fixe ser catado, ainda por cima por um drogado de merda, todo queimado do cavalo, sem dentes e com as unhas de um javardo. Mas como escapar? Íamos ali tipo carneirinhos p'rá matança!

Depois começámos a tentar perceber da sua presença logo no portão da saída. E assim íamos pela rua do lado, onde havia um café com um granda cheiro a fritos, ao lado do sítio onde ainda hoje se paga a água. Começámos, a pouco e pouco, a ser mais espertos do que a família Condez, o que também não era muito difícil. Éramos putos e quando se é puto demora-se um bocado a encontrar as soluções para problemas complexos.

O episódio mais hilariante e sádico foi, uma vez, em que o D. tinha ido buscar a chave da sede dos escuteiros. No regresso foi apanhado pelo Condez e teve de lhe dar várias moedas de vinte escudos que tinha consigo. E nós a ver a cena. Como não podíamos fazer nada (quem teria coragem de mexer uma palha), rimos e gozámos com o D, pelo seu descuido ao ser apanhado.

Passado uns tempos, no mesmo local, fomos todos assaltados por um bando de 15 ou 20 chungas oriundos da cidade vizinha. Foi bem feita por termos gozado com o D. Nós merecemos.

terça-feira, 10 de julho de 2007

Peço desculpa..

É assim malta...a sério...eu não sou racista.
Aliás, a minha mãe conhece uma senhora, que tem uma amiga, que tinha uma empregada, que tinha uma tonalidade de pele um pouco mais acentuada do que o normal. E ela (a morenita) nunca roubou nada.
Portanto, eu não tenho nada contra os pretos.

De autocarro e de mau gosto

Há recordes que não são para bater.
No meu último ano de liceu, que por causa da estupidez foi em 2000, apanhei pelas últimas vezes o autocarro para B.
Eu sei que o medo de represálias faz com que ninguém tenha coragem para abordar o tema da emigração.
Independentemente disso, vou encher o peito de ar e vou dizer o que me vai na alma.
Ok...era 1h15 da manhã, eram 2 brancos e 18 indíviduos de tez mais escura.
Como andas agora rua sem fim?

Já agora...ali mesmo antes do fim da rua sem fim, como quem vai para MA (MA rima com cabrão), não havia uma casa de putas?
Alguém se lembra do nome? Alguém lá esteve?

.........................

- Uma beca de mau gosto, acho que não vou publicar.
- eheheh, assim a puxar pó racista
- Uma beca.

A cena mais linda



Na cidade costumava haver todos os dias a "cena mais linda" ou a "cena mais louca". Isto significava a possibilidade infinita que tínhamos em nos supreender. Atentos como vivíamos, chegávamos sempre ao pé dos amigos com a última novidade na ponta da língua; fosse ela um programa de televisão, uma personagem da cidade ou um acontecimento da rua.

O G. sempre foi o maior especialista neste tipo de vaticínios. Ou não fosse o café do G. um terreno fértil para estes nossos descobrimentos. Uma história que me vem à memória foi um senhor de origem africana que um dia se chegou ao balcão e pediu uma "Cól". O G. sacou de uma coca-cola e ia abri-la quando o Sr. disse: "Não, quéria uma cól".

De repente, fez-se luz. O Sr. queria afinal uma das novidades daquele Verão: uma "Cool Beer", uma cerveja supostamente mais fresca que as outras...

Foi logo classificado como a cena mais louca, e substituída, no dia seguinte, por outra coisa qualquer que agora já não me recordo.

sábado, 7 de julho de 2007

O Profeta

O famoso “Verão Quente” de Mil Nove e Noventa e Três foi dos mais loucos desde daquele eternizado por Brian Adams (até deve ter sido melhor, pelo menos uma beca bué). Na nossa terra, o mesmo foi vivido com grande intensidade, particularmente a partir do momento em que Sousa Cintra “abafou” Paulo Sousa e Pacheco ao eterno rival.

Irado com tamanha afronta, um conterrâneo avermelhado, de seu nome Jonas, logo tratou de divulgar uma possível vingança. Sempre muito bem informado, devido a um suspeito tio jornalista, o nosso Profeta abalou a confiança de qualquer sportinguista com tamanha notícia:

- “Figo, Peixe, Balakov, Valckx, Nelson e Paulo Torres… todos no Benfica!”

Era uma bomba! O Sporting passava a jogar só com 5 jogadores. Paulo Sousa e Pacheco não compensavam tamanha perda. A quem encontrava, Jonas repetia a novidade. Se para uns era um Messias, para outros era um Profeta portador de Desgraça.

Jonas é uma figura cá do burgo. Num período inicial tornou-se conhecido pelo seu cabelo à surfista, pelos óculos muito caros de marca Oakley, que diariamente eram catados e pelo seu blusão laranja “No Name” (mas só vestia esta última indumentária quando ia “fazer bué da merda pa caralho”) Conhecedor das artes de futebol, recordo-me das suas “cuecas” nos adversários e, desta forma, prontamente abandonava o campo com o seu famoso vaticínio “Eu vou-me embora!”. A forma como dizia isto a meio de um jogo, movendo freneticamente, ao mesmo tempo, a mão direita aberta, é daquelas memórias que não quero perder.

Era no futebol onde se sentia melhor. Segundo o próprio chegou a jogar no Benfica, onde, no balneário, tinha cabide e chinelos com o seu nome. Sempre que jogava connosco e falhava um remate (tipo 5 metros ao lado), dizia sempre com um ar moralizador “Se fosse numa baliza de futebol 11, entrava.”

Este era o Jonas, aquele que um dia foi para Braga surfar com o Ratinho e rapou o cabelo como ele, “fizemos todos isto, na minha casa”, contava ele.

Muitas mais histórias tem o Jonas ainda por contar, tal como aqueles que consigo tiveram o orgulho de privar. Hoje, aqui, não importa dizer que do Sporting para o Benfica só foram Marinho, Amaral, Cadete, Dani, Fernando Mendes, nem mesmo que em Braga não se faz surf. O Jonas que eu conheci não merece tais verdades.

Anos após o Verão Quente, eu e um amigo encontrámos o Jonas e tentamo-lo relembrar da sua profecia. Fez um ar de espanto e rematou: “Abri um bar em Massamá, passem lá hoje para beber um copo”. Jonas é assim, uma pessoa que não guarda rancor (ou então é esquizofrénico).

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Primeira retratação

"Admito que nunca tenhas dito, mas pensaste. Mas também nunca seria para o teu bico. Tu tens os dentes todos, não tens mota. Não tens cenas amarelas na ponta dos cabelos, tipo escarra. Não tens camisolas do "câpa". As tuas calças de ganga não foram à lixivia. Não gostas de ouvir Crazy Frog, não tens um carro "tunning maneiras". Basicamente,não tens estilo. (o que, neste caso, não é necessariamente mau.)

ps: mas se gostasses dela..."

Caleja
(copiei dos comentários ao post anterior)

Eu nunca disse isso

Eh pá! Não sei se algum dos amigos alguma vez teve um caderninho com as suas namoradas e/ou conquistas. Do género tabela com linhas e colunas. Linhas para as garinas. Colunas para os níveis de contacto: beijos, sexo, boca, mamocas, etc; que se fosse preenchendo à medida do desenrolar do clima nas colunas, e do tempo e espaço, nas linhas. (Fdx, 'tou feito um teórico do Excel!) Não sei mesmo. Eu posso dizer que não tive.

Mas neste tópico houve uma cena que me marcou. Foi quando os amigos decidiram pôr palavras na minha boca. Todos os que frequentaram o Liceu da cidade se lembrarão da A.R., conhecida por encarnar na opinião pública o nome de um desenho animado começado por Moto e terminado em Rata, com um hífen no meio. Essa rapariga era assaz provocadora e algo exibicionista (mas absolutamente execrável) e eu nunca disse que era a melhor gaja da cidade. Nunca disse mesmo.

Mas nunca me livrei desta fama. De apreciar mulheres provocadoras, ainda que execráveis. Por isso aqui exijo que todos esses difamadores se venham aqui retratar do que me acusaram durante tantos anos.

Tenho dito.
Bom fim-de-semana e bem-haja.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Rolos gigantes

A alma que teve um dia a peregrina ideia de colocar rolos fotográficos gigantes na antiga estação de comboios da cidade nunca imaginou o que outras almas fariam com esse mesmo rolo a horas adiantadas da noite. Eu explico.

Esses rolos fotográficos do tamanho de uma pessoa serviam como uma espécie de posto avançado de uma cadeia de lojas de revelação de fotografias. Estavam colocados em diversos locais públicos. A P. até trabalhou no do Cais Sodré, se a memória não me falha, sítio onde foi escandalosamente assediada... A malta ia lá deixava os rolos para revelar e depois passava lá para levantar as fotografias. Acho que eles não tinham espaço lá dentro para ter uma máquina de revelação ou uma câmara escura (!). Os próprios funcionários mal cabiam lá. Por isso devia haver algum sistema de estafetas, o que pouco importa para a história.

Não sei porquê mas sempre implicámos com esses rolos e ainda mais quando a nossa amiga P. não começou a ser bem tratada nesse ramo do comércio.

Uma noite, depois de chegarmos de Lisboa, ficámos na estação a tagarelar quando alguém pensou: e se puséssemos aquele rolo na linha do comboio? Só para ver o que acontece. Agarrámo-nos ao bicho com unhas e dentes mas ele era pesado (puxa!). Tentámos, tentámos, até que o rolo ficou simplesmente caído. Também era uma ideia um bocado parva e com consequências imprevisíveis...

Hoje os rolos quase acabaram e agora só há ficheiros digitais, mas experimentem pôr um cartão SD gigante ao pé da linha de comboio que logo vêem o que acontece!

(Se alguém entretanto se lembrar de mais pormenores desta noite é favor comentar!)

terça-feira, 3 de julho de 2007

Michael Jordan

Eu sei que vocês sabem do que eu vou falar... Muito tempo antes de existirem "basofes" ridículos que se tratam por sócios, esse termo já era comum em vários bairros da cidade. Havia então um sócio louro, baixinho e gordinho, de seu nome M. que andava sempre com uma bola de básquete. O M. cumprimentava todas as raparigas com dois beijos, o que para certas donzelas era um "nojo", pois nunca haviam cumprimentado dessa forma um rapaz com trissomia 21. Aos rapazes ele dava um "passóbem maneirus" e simpático.

Venho falar dele porque o M. parava sempre junto dos campo de básquete, mesmo quando havia aulas pois ele não era realmente aluno do liceu.

Um dia, estando no campo contrário a uma das tabelas do campo que ficava entre os balneários e o pavilhão de ciências (mais ou menos no mesmo sítio onde levei a joelhada da S.), o M. lançou a sua bola de costas voltadas para o cesto. E não é que a bola entrou! Ouviu-se logo, de repente, um urro que estremeceu a cidade: "MICHAELH LHORDAN". Era o grande M. a festejar o seu feito.

Sempre que me lembro disso, penso na hipocrisia desta sociedade e no quanto desprezamos aqueles que são diferentes de nós.

(Esta frase soou mesmo bem!)

"Falta o dinheiro de um bilhete. Quem é que aínda não pagou?"


Corria o longínquo ano de Mil Nove e Oitenta e Oito (ou Nove), quando vi, pela primeira vez, Frank Dux a lutar completamente cego (o que a porcaria de um comprimido moído não faz à vista) num torneio mortal de Kumite.
Esta recordação, que aínda hoje marca a minha vida e ajudou a moldar a minha personalidade, só foi possível graças ao cinema que hoje já não existe, D. Pedro - King.
Este local de encontro, cultura, tertúlia, catanço e de iniciação ao "mamar na boca", morreu. Hoje não há cinema na nossa terra. Já não há um sítio onde se possa ver todo o lixo que o cinema produz (até lá vi filmes portugueses e dobrados em português!! tava mesmo agarrado...).
Estava inserido num centro comercial, onde pontificavam grandes superficies e comerciantes. Ainda sinto o cheiro dos Croissants do Lago e ouço as histórias "dos putos" do Perereirasss.

A morte foi lenta e dolorosa. Nunca mais lá voltei. Uma boa parte da cidade morreu ali.

Cumpriu a sua função pedagógica e social. Se me questionarem se sei"mamar na boca", direi que sim, pois foi ali que tudo aprendi.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Dias maus

Eu como tenho a certeza que muitas das baboseiras que aqui vamos escrevendo serão dificilmente compreendidas por alguém que não viveu neste burgo, passo a contar uma história de fácil absorção pelos nossos caros leitores.

Uma manhã, tínhamos acabado de nos vestirmos no balneário do Liceu, vigiado por A. - que podia bem passar por ser um pedófilo se já se conhecesse na altura esta "expressão" -, quando, ao sair para o campo de básquete e ainda a apertar os atacadores, sou brutalmente agredido no osso que medeia o cu e os tomátez com uma joelhada da "vaca" da S. Perceberam porque referia que este post se compreendia bem...

Acometido por uma fúria incontrolável, alço-lhe um banano com a minha perna direita, o que a derrubou. Se não fosse esse grande mister do 12º ano a afastar-me do "ringue" podia não ter sobrado S. para ninguém.

Claro que nunca mais falei com ela e, sempre que a vejo, lembro-me dessa manhã, em que o mister Carlão me salvou de ter cometido um homícidio altamente qualificado.

São estas histórias que falam da vida real que fazem deste um blogue honesto, ao contrário de outros que tais. Vocês sabem do que estou a falar...

Agora sim!

Agora que isto se animou com os meus novos dois comparsas, tenho a certeza que este blogue vai durar, pelo menos, tanto quanto durou o reinado do Z., um nigga grande e mau, que dominou os destinos da cidade durante vários anos, antes de entrar no negócio do alterne, o que o fez borrifar-se para as sovas que distribuía amiúde.

Eu como tive sempre um pendor para baixar a bolinha e não me armar em esperto (por outras palavras, sou um desgraçado de um cobardolas; quem não seria perante aquele monte de músculos!), fui um sortudo. A primeira vez que o Z. me dirigiu a palavra fiz-lhe a vontade: deixei-o espreitar a sede dos escuteiros. Desde aí não houve vez que nos cruzássemos em que ele não me cumprimentasse com as suas mãos de aço. E eu continuava o meu caminho feliz e seguro. E era bom viver nesta cidade em paz.

Há quem diga que casou com uma.


Pois é. O Maradona de Belas não se lembra de muita coisa mas, apesar da má memória, há imagens que nos ficam para sempre.
O amor de uma pessoa para com um conjunto de panelas e Tupperware's é algo de extraordinário, algo que ficou dentro de mim até aos dias de hoje.
Percebo agora o porquê das gajas dizerem que sou frio e egoísta. Se todos nós déssemos 1/10 do que aquele rapaz dava às canecas e tachinhos, a vossa cidade, o mundo e quiçá a China seriam hoje diferentes.
Talvez o mundo hoje fosse dominado por pensamentos positivos.

A omnipresença desse amor pelas ruas da vossa cidade era constatada em frente a um estóico café que fica perto da estação.
Sim, ali mesmo em frente ao saudoso e nojento zarabatana. Era ali que de vez em quando se presenciava o amor.
E como diria um grande amigo..."Passo-me com estes gajos a gozar com os defs..."

domingo, 1 de julho de 2007

Parabólicas

Falar de futebol nesta bela cidade é falar dos grandes jogadores que emergiram na Escola P.A.N. Há quem pense que o mais famoso foi o Dani ou o Steve McManaman (havemos de voltar a este último) mas eu discordo totalmente. Houve um que, sem muito alarido, de mansinho (ou "de fininho", ou "de filéu"), encantava todos os pisos de alcatrão ou cimento que encontrava. A forma como "fazia amor" com a bola era um regalo para todos os amantes do desporto rei. O seu nome é (ou era, pois os génios tornam-se mitos) Parabólicas. O nosso Guardiola. Desculpem, o Guardiola era o Parabólicas do Barcelona.
Os seus passes sem olhar (perpetuado como "no look pass") eram uma obra-prima sem preço nos dias de hoje. Como todos os grandes desta localidade tinha uma namorada linda, que criava inveja a todos e todas por onde passava. "O casal perfeito", falavam as gentes da nossa terra. A forma proeminente dos queixos de ambos realçavam aínda mais a simetria de Parabólicas com a sua mais-que-tudo, comummente conhecida por Boca de Cinzeiro.
Este meu primeiro texto vai para esta fígura da nossa terra. Uma pequena e merecida memória que não fará apagar o erro de ainda não lhe ter prestado a devida homenagem.

Onde andas Parabólicas? Onde está o perfume do teu futebol?
Sinceramente, não quero saber. Prefiro recordar aquele dia em que olhaste para mim, mas passaste a bola a outro...


Dérbi

Não sei se haverá mais sportinguistas ou mais benfiquistas na minha cidade. Deve haver mais benfiquistas, pelo menos a avaliar pela proporção nacional. Se quiséssemos ir depressa, diria que a representar os benfiquistas temos o Sr. Bu, J. de seu nome, um homem com cujas histórias podemos escrever durante mais de um mês este blogue. a representar os sportinguistas (e não conhecendo um tão doente como o Bu), diria que o Sr. C., dono de uma conhecida cervejaria de seu nome L. V., é o mais emblemático.

Isto tudo porque ouvi dizer que vamos ter um novo comparsa a escrever, de seu nome "Octávio Machado", aka Caleja, ex-treinador do Sporting e tão bom conhecedor desta cidade. Agurdamos pela sua chegada.