segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

"Nas cooooooostas???" (para ter o efeito desejado, este título tem que ser lido com uma voz esganiçada)

Uma vez vi um bacano vestido com um pijama a cheirar a queijo, um blusão de cabedal e um gorro às riscas a la carocho, a dar pontapés numa bola de basket vazia. Para compor o ramalhete, ao mesmo tempo que presenteava a sua audiência com tamanho espectáculo, degulava uma sandes de couve (acabadinha de colher na horta e de ser cozida).
Confesso que me causou estranheza tal situação ao ponto de pensar: "Ganda mongo! O sócio passou das marcas. Então eu tou a comer um frango assado com batatinha e ele come sandes de couve? Tá a mandar bicos numa bola que, supostamente, se joga com as mãos? E convém tar cheia.."
Como eu não era muito famoso entre os meus amigos nem tinha nada que lhes interessasse, pensei que gozar com este bacano me iria trazer um momento de diálogo com alguém, nem que seja por 5 minutos. Virei-me para o meu colega, que já me comia a 3ª perna de frango (e dava-me em troca o pescoço e as asas), e disse: "Olha-me aquele otário que ganda... - Estílo!!", interronpendo esse meu amigo, evitando que eu cometesse uma heresia. "Estílo?", pensei. "Claro, estílo, que mais?", disse eu nada convicto. "Adorava ter um gorro daqueles (com a Dica da Semana enrolada, aínda fazia uns trocos no Jardim de Belém nos domingos à tarde)", continuei sem me desmanchar, com o objectivo de manter uma conversa. Mas porque raio teria aquele gajo estílo?
Nessa noite percebi que tava errado e que o meu colega tava certo no seu raciocínio. Já sem a indumentaria da hora de almoço, o bacano era outro. Vestido com uma t-shirt de Super-Homem e um cabelo bem orientado com gel, arrasou. Arrasou e agasalhou, entrando mesmo no novo ano a fazer cafuné a uma sócia que tava toda languí por ele.
Afinal aquilo era tudo estratégia. O gorro preparava o cabelo para a nova dose de gel, o casaco adaptava-se ao corpo, a bola vazia tinha o efeito de bola medicinal e servia para fortalecer as pernas e a sandes de couve era para criar habituação à boca de um possível molho de grelos que poderia lá passar pela noite dentro.. E o pijama a cheirar a queijo? Isso aí já era mesmo molenguice.
Ele era o melhor Clark Kent que eu já tinha conhecido, só que não usava óculos nem tinha um caracol manhoso na testa. Não havia Lex Luthor nem Kryptonite que o travasse. Dasse!! O sócio tinha mesmo estílo...


Nota de autor: até à data os meus posts têm se regido por uma real crónica dos factos ocorridos na terra onde vivo e cresci, ou de pessoas que lá viveram ou passaram. Hoje decidi mudar um pouco. Esta estória nunca ocorreu, creio mesmo que tudo é tão irreal que até vocês já tinham notado. Talvez um pormenor ou outro até passe, mas confesso que a cena da sandes de couve e os bicos na bola de basket vazia talves tenha sido um insulto à vossa inteligência. Ok, pensei que escapasse de filéu. Peço desculpa. E só de pensar que aínda tive para pôr que este episódio se tinha passado numa terra chamada Coina.Isso era o auge! Seria quase um episódio do Twilight Zone ou do Prédio do Vasco. Mas ao menos serviu para dar uma pequena lição de vida. Uma fábula com uma moral subliminar, "Não devemos julgar o outro por aquilo que come ao almoço."

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Este blog precisa de dar uma "guinada"! (mas, primeiro a escola!!)

Certo dia, no lugar onde "Fumar charros é fixe" ou onde se ficou a saber que para se levar no cu bastava "um insignificante sorriso. Ah!", estava eu, o R., o P. e o camarada Russo. Russo já não era um jovem quando apareceu nas nossas vidas. A sua idade já bateria nos 18 (já fumava e corria o boato que enfiava esféfias) a julgar pelo porte atlético e pela estupidez que irradiava da suas palavras. Desconheço se terá origens na pátria de (filho de) Putin mas creio que a sua classificação virá da sua exuberante cabeleira loura, não fosse ele filho de uma cabeleireira.
Embora fraquinho em termos de presença e alma, Russo também fazia aquilo que qualquer Ser (humano ou não) conseguia, fazer chacota de P.

Nota: P. tinha esse dom, era vulnerável a esse tipo de situação. Funcionava como um escape, tipo: "Não há bola para dar uns toques? Então bora gozar com o P." Era um excelente desbloqueador de conversas. Hoje a juventude não tem destes ícones, prefere jogar à cobra no telemóvel...

Nessa tarde, Russo já estava a abusar ao ponto de P. se sentir incomodado. P. opta por responder à letra deixando Russo à beira da humilhação. Como R. e eu presenciamos tudo, Russo nunca poderia omitir tal situação. Para se salvar só havia uma solução, "dar nos cornos" ao P. Com astúcia, prevendo que o ataque iria começar de forma irada, P. voou até à porta do seu prédio. Não se deixando apanhar fechou-se, ficando a observar pela janela o seu predador, que salivava, à espera de um deslize.

Aos poucos o clima ia esmorecendo, o tédio ia-se apoderando de mim e R. É aí que decidimos agir. Combinamos com Russo que iriamos provocá-lo ao ponto de ele nos atacar. Desta forma, fugiriamos para o refúgio de P., que nos salvaria, abrindo a porta do seu prédio (um gesto de amigo, como sempre foi). Como P. nunca tinha lido a Iliada ou a Odisseia desconhecia a lenda do Cavalo de Troia. Uma vez lá dentro, abririamos a porta a Russo para que se saciasse à vontade. Assim feito, quando P. menos esperava foi traído.. Russo entrou mas (à luz dos dias de hoje), felizmente, P. salvou-se.

Tempos mais tarde, quando se julgava que este episódio estava esquecido e não era digno de crónica ou memória, P. teve a sua vingança. O cenário é o mesmo mas só uma personagem se altera. Em detrimento de Russo surge Jonas. Jonas (já retratado neste espaço) estava ao nível de P. em relação à chacota e um pouco acima de Russo, no que diz respeito ao intelecto. À medida que vai sendo bombardeado com graçolas não muito elaboradas mas venenosas, Jonas vai inflamando até passar ao ataque. P., R. e eu, fugimos até uma porta de um prédio. P. chega primeiro, não deixando mais ninguém entrar. Com a perigosa aproximação de Jonas, eu e R. suplicamos a P. para nos abrir a porta, ao mesmo tempo que estávamos completamente surpreendidos com a sua reacção. É então que P. encosta o seu nariz vermelho ao vidro da porta, aponta-nos o seu indicador direito e grita de forma vingativa, "O RUUUUSSO!!! O RUUUUSSO!!!". "Quem?", replicámos. "O RUUUSSO!". Jonas cerca-nos, enfia duas cuecas e duas e cabras a cada um e baza.

P. tinha a sua vingança, não servida a frio mas sim à base de muito cuspo na janela da porta do prédio.
Nesse dia P. foi um gajo mau, vingativo, irado. Hoje já não é assim, descobriu a fé. Há mesmo quem exclame que ele "é católico pa carago"...

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Essa Serpa também sem fim



A tribo da "No" desloca-se neste próximo fim-de-semana a essa grande localidade alentejana chamada Serpa. Na passagem de ano de 1998/1999 deixámos lá grandes marcas e foi também a última vez que estivemos (quase) todos juntos.
Espero que os grandes momentos se repitam, excepto banhos de água fria em domicílios de desconhecidos e afins...