sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Este blog precisa de dar uma "guinada"! (mas, primeiro a escola!!)

Certo dia, no lugar onde "Fumar charros é fixe" ou onde se ficou a saber que para se levar no cu bastava "um insignificante sorriso. Ah!", estava eu, o R., o P. e o camarada Russo. Russo já não era um jovem quando apareceu nas nossas vidas. A sua idade já bateria nos 18 (já fumava e corria o boato que enfiava esféfias) a julgar pelo porte atlético e pela estupidez que irradiava da suas palavras. Desconheço se terá origens na pátria de (filho de) Putin mas creio que a sua classificação virá da sua exuberante cabeleira loura, não fosse ele filho de uma cabeleireira.
Embora fraquinho em termos de presença e alma, Russo também fazia aquilo que qualquer Ser (humano ou não) conseguia, fazer chacota de P.

Nota: P. tinha esse dom, era vulnerável a esse tipo de situação. Funcionava como um escape, tipo: "Não há bola para dar uns toques? Então bora gozar com o P." Era um excelente desbloqueador de conversas. Hoje a juventude não tem destes ícones, prefere jogar à cobra no telemóvel...

Nessa tarde, Russo já estava a abusar ao ponto de P. se sentir incomodado. P. opta por responder à letra deixando Russo à beira da humilhação. Como R. e eu presenciamos tudo, Russo nunca poderia omitir tal situação. Para se salvar só havia uma solução, "dar nos cornos" ao P. Com astúcia, prevendo que o ataque iria começar de forma irada, P. voou até à porta do seu prédio. Não se deixando apanhar fechou-se, ficando a observar pela janela o seu predador, que salivava, à espera de um deslize.

Aos poucos o clima ia esmorecendo, o tédio ia-se apoderando de mim e R. É aí que decidimos agir. Combinamos com Russo que iriamos provocá-lo ao ponto de ele nos atacar. Desta forma, fugiriamos para o refúgio de P., que nos salvaria, abrindo a porta do seu prédio (um gesto de amigo, como sempre foi). Como P. nunca tinha lido a Iliada ou a Odisseia desconhecia a lenda do Cavalo de Troia. Uma vez lá dentro, abririamos a porta a Russo para que se saciasse à vontade. Assim feito, quando P. menos esperava foi traído.. Russo entrou mas (à luz dos dias de hoje), felizmente, P. salvou-se.

Tempos mais tarde, quando se julgava que este episódio estava esquecido e não era digno de crónica ou memória, P. teve a sua vingança. O cenário é o mesmo mas só uma personagem se altera. Em detrimento de Russo surge Jonas. Jonas (já retratado neste espaço) estava ao nível de P. em relação à chacota e um pouco acima de Russo, no que diz respeito ao intelecto. À medida que vai sendo bombardeado com graçolas não muito elaboradas mas venenosas, Jonas vai inflamando até passar ao ataque. P., R. e eu, fugimos até uma porta de um prédio. P. chega primeiro, não deixando mais ninguém entrar. Com a perigosa aproximação de Jonas, eu e R. suplicamos a P. para nos abrir a porta, ao mesmo tempo que estávamos completamente surpreendidos com a sua reacção. É então que P. encosta o seu nariz vermelho ao vidro da porta, aponta-nos o seu indicador direito e grita de forma vingativa, "O RUUUUSSO!!! O RUUUUSSO!!!". "Quem?", replicámos. "O RUUUSSO!". Jonas cerca-nos, enfia duas cuecas e duas e cabras a cada um e baza.

P. tinha a sua vingança, não servida a frio mas sim à base de muito cuspo na janela da porta do prédio.
Nesse dia P. foi um gajo mau, vingativo, irado. Hoje já não é assim, descobriu a fé. Há mesmo quem exclame que ele "é católico pa carago"...

1 comentário:

JLM disse...

Esse episódio tardava em sugir neste retrato social da nossa terra. Em primeiro lugar, este texto exprime com clareza a formação clássica do seu autor (vide referência à lenda de Tróia). Em segundo lugar, não me lembro de mais nada.
Gostei.