quinta-feira, 28 de junho de 2007

"É só eztílooo!

Estilo no Liceu era sinónimo de uma pessoa. Cabelo arrepanhado para trás, com bastante unto, de tons alourados (seria até mesmo cenoura - a minha memória argh!). Era alto, forte e espadaúdo (gordo - não, não sou eu!). Lembro-me de que envergava por vezes um blusão de cabedal como ninguém ousava usar no Liceu. Tinha uma bigode e pêra, algo que apenas o B. e o Zorro tinham, se bem me lembro. (O Zorro será um post...)

Era aluno ou professor? A dúvida assaltou-nos muitas vezes. Mas tivemos sucessivas confirmações de que era aluno. Apesar de muito amigo de alguns professores.

Quanto entrava no Polivalente, vulgo sala de convívio (dedicarei um post ao "Póli" um dia destes), gritava-se da nossa mesa "É só eztílooo!", com bastante entoação e prolongando a última vogal o suficiente para aquele urro parecer ridículo. Todos viravam a cara mas ele nunca ligava. Claro que a minha parvoíce teria de vir ao de cima. E um dia decidi gritar "É só eztílooo!" quando no Póli só estava o nosso grupo e... ele!

Má onda!

Essa expressão acabou por derivar para "Ésquilooo" mas essa história não a sei contar como deve ser. Preciso dos meus comparsas e eles não aparecem!

Drógádos

Eu avisei que a memória me falhava...

Disse no post anterior que o C. tinha gritado Hévi-Métales, mas acho que foi Drógádo. Já não sei bem... Ai esta memória...

Mas no caso pouco interessa. Era quase a mesma coisa. Quem ouvia Iron Maiden à tarde, dava no cavalo à noite, e por aí adiante. Tenho visto que alguns destes métales/drógádos conseguiram reabilitar-se. Deve ter sido por terem saído da minha rua, porque nunca mais os vi lá.

Um deles trabalha numa cervejaria da cidade e agora até usa óculos.

Da cidade

Eh, pá...! Nem sei bem por onde começar.

A cidade em si não é feia. Não é. Tem um palácio que muitas gostavam de ter. Tem um aqueduto centenário. Daí já ter água há muito tempo. Ao contrário de outras cidades que no tempo daquele aqueduto ainda nem tinham água potável. Claro que há coisas que não abonam a seu favor. Em primeiro lugar, os prédios. Cheios de inscrições do PREC ("Vota APU"; "Reagan Go Home"; etc), castanhos por fora e com cheiro a bafio por dentro, com abundantes marquises (moda do final do século XX). É feio, não é bonito...

A cidade começa mais ou menos na minha rua. A rua dos drogados. Mas eu não sou. É a rua dos Hévi-Métales, como um dia gritou da minha janela, o meu amigo C. Depois passa-se a estação dos comboios, agora renovada, mas onde antes um gajo se arriscava a levar com uma composição (nome pomposo) e a sujar a farpela antes de chegar ao liceu. Havia uma rede horrenda (propriamente chamada galinheiro). Essa rede separava a minha cidade do monte vizinho. Era roubos a toda a hora e ratazanas a dar com pau. Quando se entrava nesse caminho, era o ver se te avias. Correr era a melhor solução para não apanhar os meninos maus que nos roubavam os trocos que nós próprios já havíamos ripado da carteira da mãe.

Depois continuo a falar da cidade, porque a seguir à estação já estamos quase na "No Ending". Mas antes da "No" ainda falta uma beca. Ou um pitz, como diria o L.

(Ainda continuo à procura de comparsas. E ainda não pus de parte a ideia de que este blogue, se calhar, não devia durar mais que o tempo que o cavalo demorou a matar mais de metade da malta nova da minha rua .)

terça-feira, 26 de junho de 2007

"Vão p'ró Bola de Ouro..."

Ando a ver se arranjo mais comparsas que contem aqui as suas histórias. Decerto saberão mais episódios do que eu, que a memória já me vai falhando.

Aproveito também para dizer que daremos alguma proeminência à linguagem deste micro-cosmos. Palavras e expressões como "sâpa-fâta-grâva", "andar de ló", "e o raizen snaite, stôra?", "ir de fininho" ou "tás com pressa, vai p'rá escola" serão explicadas com detalhe.

Se estes comparsas não quiserem participar, não sei se este blogue dura mais do que um episódio do seinfeld.

Era uma vez

Numa terra sem lei e sem governo. Onde pouca coisa fazia sentido...

Foram anos de observação e de crítica. Anos de pura antropologia social e cultural. Seremos capazes de falar de tanta gente?

Do L. e das suas gambinhas? Do "Pior" que víamos à sexta à noite no Lena? Do Dominik e do seu Bat-Mobile? Da Senhora das Fotocópias do Liceu? Do Morgadinho que era lá porteiro? Do Condez que morreu com Sida e da sua irmã que era lésbica? Do velho da Sapataria Andorinha que um dia me tenteu vender umas sapatilhas sintéticas, saídas do baú dos anos 70?

Seremos capazes? Provavelmente não. São só recordações que quero guardar. Porque nunca tive um diário. Porque não me quero esquecer.