domingo, 21 de setembro de 2008

O Enigma de JLM

Andei cerca de 20 dias a matutar sobre a pertinência do post "Só na sanita!", colocado por JLM. "Mas porque razão se fala da retrete e do que se lá passou, se isso não faz parte da nossa terra? Será que a temática que fez com este espaço tertúliano nascesse já foi alterada? E ninguém me avisou? Nah.. o JLM deve ter alguma razão para esta cena... É verdade que ele sempre foi muito à frente do seu tempo e dos seus pares, mas esta eu vou atingir". Foram estes pensamentos que me assolaram a mente durante quase um mês. Dúvidas, pesquisas, investigações, interrogações, tudo isto roubou o meu tempo. Esqueci família e amigos. Deixei mesmo de ver a homenagem a Camilo de Oliveira na SIC. Abstrai-me tanto do quotidiano que quando fui pôr gasolina ao fim destes 20 dias fiquei surpreendido, pois tinha baixado 1 cêntimo. "Dasssseee!" O Mundo andou mesmo...

Mas estas buscas e privações não se revelariam infrutíferas. Cheguei onde o JLM nos quis levar.
A relação do seu post com a nossa terra, é que o actor principal do mesmo é o Rocha do Duarte e Companhia! Custou mas foi! Vai buscar!

Rocha é um membro ilustre da nossa terra. Já foi mencionado neste espaço, embora nunca como actor principal, logo ele que nunca o foi. Mas hoje vou-lhe erguer uma estátua, uma homenagem merecida por quem muito já me deu. Sim, é verdade! Rocha já me ajudou muito. Passo a explicar.
Rocha reside no café do Alfredo em pleno topo da No Ending Street. Bem no cimo da rua, onde já sabemos que metade do percurso já está feito. É lá que estão as casas mais caras, os melhores serviços (Café Arcada, Notário, etc) e foi onde viveram também os saudosos guardiães da rua, Galvão, Bruno 7º, Bruno de Óculos, Chôras, Calvário, Manel e Zé Piqueno.
Sempre que eu ia a caminho da estação, do Jota Pimenta, do café do G. ou a casa de JLM, ia pela No. Quando chegava ao cume, lá estava ele, sentado na sua mesa no café do Alfredo. Ele fulminava-me com aqueles olhos de quem já matou pessoas e eu, amedontrado, só conseguia mirar o seu bigode farfalhudo. Quando regressava dos meus múltiplos périplos da vida (e desculpem se eu tenho uma) lá continuava Rocha, aínda com a mesma chávena de café. Foram anos assim. Muitas vezes olhava em volta a ver se alguém via o mesmo que eu ou se aquilo era só um holograma imaginário produzido pela minha mente já cansada de tanto escalar a rua sem fim.
Eu questionava-me constantemente: "Como é que ele fez o Duarte e Companhia se está sempre aqui? Eu vi essa série e os cenários não eram o café do Alfredo! E as peças no Parque Mayer, como e quando é que as faz? Ele está sempre aqui!" É que peças de revista como "Tás com pressa? Vai mas é para o Parque, mais ó caralho!", ou mesmo "Jogas com as pedras no Parque e então sou a seguir ao Parque!",não foram, segurantemente apresentadas e ensaiadas no café do Alfredo!
E na mente dele, em relação a mim, será que pensava o mesmo? "Como é que este sócio anda na faculdade, mama na boca de grelucho largo, é um gajo maneiras para os seus, tem tempo de escrever num blog que nunca é visitado e sofre por um clube sem glória, se anda sempre aqui a subir a No? Alfredo orienta mais uma bica, mais ó caralho! Olha aqui está mais um bom título para a revista, "Orienta mais uma bica, mais ó caralho no Parque!". Tenho que dizer isto ao Zé Raposo e à Marina Mota."
Mas este homem é a razão por eu ainda não ter ido para a prisão mamar marros de blacks mal intencionados ou apanhar bué de sida de seringas perdidas no meio do empadão de carne, reliogiosamente servido às segundas-feiras. É que sempre que havia um acto criminoso à hora que eu andava naquele lugar mítico ele era o meu álibi. Ele via-me. Ele sabia que eu não podia ter cometido um acto criminoso, se estava a subir ou a descer a rua. "Não senhor guarda, esse rapaz não esteve em Mogadouro a dar pontapés na tromba de senhoras brasileiras que desviam senhores casados do recanto do seu lar. A essa hora eu, Rocha, actor, entre outras composições dramaticais , de "Vai mas é bater pívias para o Parque!", vi-o a passar por aqui. Está inocente.".
Tanta vez imaginei estas palavras a sair de sua boca, a salvar-me, quando eu já estava algemado a entrar para dentro de um carro da polícia, ouvindo as famosas frases: "Cuidado com a cabeça" ou "Meninos bonitos como tu a Lady Mulher do Mantorras adopta logo. Não vais ter problemas na choldra, ele/ela protege-te. Só que daqui a uma semana quando te quiseres peidar, cagas-te."
Felizmente, nunca foi preciso o Rocha fazer isso por mim. Nunca fui sequer suspeito de qualquer desvio à Lei. Mas sei que o Rocha faria isso por mim. Aliás, eu faria o mesmo por ele. A sua situação era idêntica à minha. Eu também era o seu álibi. Eu salvar-te-ia Rocha, se fosse necessário. Se depender de mim os únicos chatos que viverão no teu bigode são os que apanhaste daquele japonês a quem sempre chamaste chinês.

Ganda Rocha, só espero que esse aperto que deste nesse fiscal de linha não te coloque problemas. É que isso está gravado. E aí, eu não poderei fazer nada. Mas se fizeste isso pelo Benfica, é óbvio que terás uma medalha no 10 de Junho. É que este país ainda não está maluco! Bem haja!

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

segunda-feira, 1 de setembro de 2008