quarta-feira, 1 de julho de 2009

Músicas do meu tempo

Não considero isto uma resposta ao Caleja depois da sua soberba descrição - em «Hardcore Fooorward» - da música do nosso tempo.
Quero que os estimados leitores saibam sobretudo que sou um desgraçado de um preguiçoso para o exercício memorialístico. Mas como sou o melhor gajo do mundo (como diria deus) em aplicações web 2.0, pus agorinha mesmo umas faixas de um cd perdido que veio ao mundo com o nome - genial, diga-se - «Boys Wear Short Hair».
Este conjunto musical de seu nome «Cab Eleven» ou «Cab11» teve uma glória breve e efémera, mas isso não quer dizer nada acerca da qualidade dos seus músicos ou da sua capacidade inventiva. Quer dizer apenas que tiveram uma glória breve e mesmo efémera.
Nomeadamente e naturalmente, este CD só esteve à venda em lojas de surf de segunda classe, em caves obscuras de centros comerciais lastimosos e mal-cheirosos. Mas esteve à venda. Ouvimos dizer depois que as cópias piratas (caseiras) que havíamos produzido, passado algum tempo, emitiam um som de castanholas em fundo, que - juramos - não fomos nós que gravámos.
Enfim. Espero que gostem! Não fiz o ápilôad das faixas que tinham as misteriosas castanholas mas apenas das imunes a essa estranha penetração espanhola. E isto não soou muito bem...

domingo, 28 de junho de 2009

A Mão de um "Maneiras": subsídios para a construção de um quadro tipológico (2ª parte)

Nota de editor: O post que seria dividido em dois será, possivelmente, tripartido. Problemas editoriais para facilitar a leitura, aliados ao aumento da informação produzida pelo autor levaram à tomada desta decisão. Apresentam-se, desta forma, as mais sinceras desculpas, conscientes que mesmas, bem como as razões acima descritas, serão aceites e compreendidas.


O estilo que o "Maneiras" adopta na vida e na relação com outros elementos da mesma espécie, independentemente da fase de evolução que integram, está muito relacionado com o posicionamento da mão face ao restante corpo. Vejamos:

Ao longo deste espaço temporal de cerca de 10 anos, conclui-se que a Mão do “Maneiras” é tensa e começa por ser um pouco fechada em si mesma, crescendo ou não, consoante a elevação que o seu dono tem perante a sociedade que o rodeia. Isto é, a mão fechada sem nada lá dentro é sinónimo de pouco estilo e estatuto social. Uma mão cheia de sinais exteriores de riqueza é, proporcionalmente ao valor desses sinais, um sinal que existe estilo e que se caminha para o topo da pirâmide.

As minhas observações relatam a evolução da seguinte forma:

- aos 17 anos, o "Maneiras" começa a abrir a mão. Lentamente, esta sai das calças (não estou a dizer que existe um abandono do “bilhar de bolso”, antes pelo contrário) ficando, somente, o polegar preso nesse mesmo bolso. O "Maneiras" que é um jovem do liceu e que tem noção que não sairá de lá tão cedo, sabe que, nesse Verão onde fará a transição para a maioridade, tem que ir trabalhar. Desta forma, a mão que se começa a soltar e, embora sempre tensa, começa a criar espaço para o que brevemente irá albergar.

- o primeiro trabalho permite a compra de uma carteira que já não pode ser das Dunas ou aquela comprada pela avó no Arraial do Dia do Benfiquista ou na excursão a Fátima (onde a avó comprou uma tábua de cortar queijo, em cortiça com um azulejo com o Galo de Barcelos, “para o teu enxoval, meu filho”). A nova carteira tem pele e espaço para muito dinheiro (o trabalho de Verão…). À noite, quando se junta aos seus amigos no café mais central de Queluz, o “Maneiras” já usa a Mão direita para transportar a carteira. A sua mão, em forma de semi-concha, permite defender a nova aquisição da ladroagem, mas também (o mais importante de tudo), mostrar aos seus amigos a sua marca e volume (o que está lá dentro não interessa, embora os cafés fiquem, dessa vez, por sua conta. E a amêndoa amarga para aquele pita languí que quer começar a beber nesse Verão).

- neste estado primário há, por vezes, uma nuance entre os “Maneiras”. Essa dissemelhança só existe se um dos seres fuma ou não. O que não fuma mantém-se idêntico ao descrito em cima. Já o que fuma, tem que abrir ligeiramente a mão para colocar o maço de tabaco. Neste caso, a ponta dos dedos segura a carteira que tem agora, como companhia, um maço de Marlboro ou SG Ventil colocado bem próximo da palma da mão. Este último ponto, embora definido como algo exótico dentro da evolução do “Maneiras”, não é de menos relevância no seu processo evolutivo. Este, que consegue já deter duas matérias do seu “pacote cultural”, terá muito mais facilidade em se adaptar à próxima fase. Por outro lado, o que não fuma verá na sua mão uma certa resistência à assimilação de novos componentes artefactuais, embora crono-culturalmente enquadrados com a sua espécie e estado evolutivo. O facto de ultrapassar este obstáculo de maneira tranquila e (muito importante!) sem que os outros “Maneiras” se apercebam do mal-estar causado por uma nova realidade, não me permitiu criar uma nomenclatura especial que distinguisse o “Maneiras fumador com 17 anos” do “Maneiras não fumador com 17 anos”. Não há, no estado actual dos conhecimentos, dados que me levem a crer que são subespécies diferentes. A classificação de nuance parece-me a mais apropriada. No entanto, não é um capítulo fechado. Não duvido que, noutros meios ambientais, com o respectivo condicionamento socio-cultural, o “Maneiras” não possa sofrer uma pressão tão grande que leve a alterar a forma da Mão, permitindo-lhe outro rumo evolutivo distinto do aqui caracterizado e demonstrado. Questiono, por exemplo, que efeito teria, nesta fase, a colocação de um pacote de tabaco de enrolar (em vez do maço), ao que se acrescentaria o dos filtros (sei que podem vir no meio do tabaco, mas e a máquina para enrolar?), numa mão que tem a carteira como base de sustentação? O pacote do tabaco de enrolar é maior, em termos de área e não em peso, do que uma carteira do “Maneiras”. Isto levaria a um alterar de padrões mentais enfiados no subconsciente, que iriam condicionar o crescimento do Cérebro e da Mão, dirigindo estas matérias para finalidades desconhecidas e de difícil apreensão cientifica.

Concluindo, com a fase primária da evolução do “Maneiras” inicia-se uma hierarquização e ordenamento logístico do espaço manual a ocupar pelas diversas “jóias” que preenchem a sua vida. Há a carteira e há (ou não) o tabaco. A pirâmide constrói-se e o “Maneiras” cresce socialmente.

Literalmente, “vida na palma de uma mão”.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

A Mão de um "Maneiras": subsídios para a construção de um quadro tipológico (1ª parte)

O Homo Queluzensis tem características invulgares, de grande raridade, que o tornam distinto dentro de uma sociedade cada vez mais virada para a banalização e uniformidade física e mental. Felizmente, ao contrário de outras espécies, está longe da sua extinção. O seu estudo metodologicamente correcto obedecerá a múltiplas leituras transdisciplinares, abarcando diversas áreas do saber, quer no campo das ciências exactas, quer no campo das ciências sociais. Devido à minha formação académica, aliado ao objecto de estudo que hoje se pretende caracterizar, a Mão da espécie masculina, optou-se por começar a reflectir sobre a evolução desta, partindo de observações meramente antropológicas (com mais ênfase no campo social do que no campo biológico).
Na elaboração desta análise, não recorri a nenhum autor famoso em especial, nem mesmo a antropólogos locais. Nestes últimos, mesmo que quisesse não o podia fazer. É que a última vez que soube do Zé do É, tinha o nome de Jamon Boca Amarilla e estava como guerrilheiro na América do Sul, depois de lá ter ido procurar nomes de novas bandas rock para colocar no seu Caderno de Campo. Diz quem sabe que o nome Papoila o atraiu para zonas inacessíveis às policias militares e governamentais, pensando, na sua cândida inocência de quem é cientista, que o nome Papoila podia ser uma cover do hino de Luis Piçarra, cantado por uma banda colombiana. Caiu na armadilha…
Desta forma, este estudo tem como base empírica a pura e simples observação de vários elementos da espécie em questão e do seu comportamento social ao longo do seu espaço de vida, compreendido entre os 17 e os 30 anos de idade, quando integra a fase de evolução denominada de “Maneiras”.

ps: este post virá, em princípio, subdividido em dois. Espero ser breve na colocação da 2ª parte, pois não quero defraudar as duas pessoas que ainda passam neste local (esperando que nenhuma delas seja o antigo Zé do É ou um outro elemento do seu Cartel).

domingo, 22 de março de 2009

Hard Coooore, FORWARD!


Fim do ano Mil Nove Noventa e Cinco. Um núcleo sub-urbano, movido pela nova ordem alimentar que contraria a mais elementar Roda dos Alimentos, lentamente, avança por um caminho revolucionário que tem o seu inicio após a morte de Kurt Cobain, um ano antes. De forma marginal, as camisas de flanela aos quadrados, os cabelos compridos, os pescoços com tendência a andarem tombados, as vozes grossas cheias de água gaseificada, são substituídos pelos Airwalk, pelas calças e calções largos do Pereirassss, por casacos às riscas (da Adidas ou Adónis, consoante as carteiras), cabelos rapados, correntes e por ralos de um lavatório lá de casa, que agora faz de adorno no pescoço. É uma nova Era. Uma nova tendência que vai marcar os liceus locais. A Revolução não se faz só na aparência, mas sim, acima de tudo, na música e na alimentação.
Quando começaram a aparecer, sentados nos bancos mais merdosos do Liceu, munidos das sua violas compradas para a Catequese e que deram os primeiros acordes para tocar as "Dunas" e sacar um beijo a uma pita lânguida, numa colónia de férias de uma Multinacional ou instituição bancária (embora este dado, fosse, face aos novos ideiais que emergiam, sempre omitido), tal como a Coca Cola (bem maldito oriundo de americanos capitalistas e blá, blá, blá), primeiro estranhou-se, depois, tal como uma seita que prometia saúde eterna à custa de pipocas feitas sem milho "primogénico", entranhou-se.
O grupo foi crescendo. Foram ficando cada vez mais fortes. Não bebiam, não comiam nada oriundo de animais, e, tal como um senhor que conheci nas obras e que nunca ouviu falar de Veganismo me disse: a "carne vermelha? só como a que tem cabelos!". Tiveram o poder de alterar todo um grupo colegial. Uns ficaram mais agarrados que outros. Há, ainda hoje, quem não coma carne!

Um dia, correndo o risco de ficar sem amigos, vesti umas calças largas, coloquei uma t-shirt em cima de uma outra e fui até à capital, a uma "reunião" que tinha lugar no Ritz-Club. À porta é que vi a proporção daquele movimento. Eram para cima de 50 pessoas! Pensei, "se esta malta se lembra de se juntar, estamos todos com 3 X na testa não tarda nada!".
À entrada descobriram o meu disfarce. Não era um deles. Quando me dirigi para pagar o bilhete ia sendo sovado porque não tinha levado o pacote de arroz integral. -"Olha-me este Vertebrado Carnívoro... Onde é que está o teu arroz integral? Este quer pagar com dinheiro sujo que o carneiro do papá recebeu por trabalhar para esta máquina imperialista, que rege os escravos de uma sociedade decadente, que não se ergue e fica passiva a levar no cú de um Estado que só tira e ainda tem a vergonha de conceder este papel retirado das ilustres florestas amazónicas, onde irmãos índios lutam pela liberdade desde que Álvares Cabral lá foi dominá-los e pregar uma fé que queimava bruxas na fogueira!", disse um porteiro, com ar ameaçador.
- "Mete-lhe mas é uma farinheira de tofu pelo cú acima, pois sempre está habituado a ser papado pelo Sistema!", disse um outro.

O ambiente estava pesado. Lá consegui entrar, usando o dinheiro sujo que, afinal, sempre dava jeito para comprar aquela t-shirt que tinha um touro a enrabar um bandarilheiro que, como vinha de fora, custava 5 contos. Via-se que eles eram diferentes, quase selvagens. Eu, por 200 escudos, alugava um filme da Cicciolina e também via animais de grande porte a enrabar seres humanos. Olha lá se tivesse 5 contos...

A primeira banda sobe ao palco. A batida é forte, os berros ainda mais. No meio da multidão (perdoem-me a ironia, mas 50 pessoas são 50 pessoas! É muito arroz!), percebo que o desodorizante também deve ser feito com algo oriundo de animais. As músicas são iguais umas à outras. Começa com uma entrada de um baixo bem alto, a bateria ameaça, de repente há um berro e... lá vai ela! A bateria vai sempre igual que nem uma música de cancenotismo ligeiro português. Tocaram para aí 4 bandas e não dei pela diferença. Mas o melhor estava na mensagem. Polícia, Segurança Social, Governo, SNS, USA, sabão azul e branco testado em animais de punks do Rossio, todos estes e outros assuntos eram os visados. A malta obedecia. Gritava, saltava e levava aquilo a sério.

Passados estes anos todos é fácil constatar a fraqueza do movimento. Na altura, parecia fazer sentido. Mas, aqueles jovens que tinham entre 15 e 18 anos, depois descobriram o álcool e que, de uma rapariga, podia-se retirar muito mais prazer além de umas boas beringelas recheadas que ela possa saber cozinhar. Os valores foram ficando para trás, esquecidos.
Fez parte de uma geração. Mas porra! Não era difícil prever este epílogo. É que grande parte dos partidários e líderes desta acção tinham particpado na série juvenil "Riscos"... Queriam milagres?

A todos os que, por momentos, acreditaram na Saúde Eterna, a minha homenagem

"Nas ruas da cidade há pessoas a morrer
mas a vergonha maior é ter carne pra comer.
O Governo cabrão gosta de pagar salários,
mas a mim não me enrabam, seus Otários!
Enquanto o pastel de nata não der lugar ao tofu
e o Galo de Barcelos ao Alho Francês cru,
esta será a nossa luta e ninguém nos vai deter
nem mesmo a Policia que sempre... FICA A VER!
FORWARD! HARD CORE, FORWARD!"

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Processo CAQ


Esta imagem chegou à minha morada, acompanhada por um bilhete anónimo, com o seguinte texto:

- "É tempo de dar o Grito do Ipiranga. Só vocês da No podem divulgar a verdeira história do Clube que tinha como sonho ter uma piscina nas traseiras do Pavilhão. Desculpem manter-me assim, anónimo, mas a vergonha ainda é maior que a dor sentida naquele estágio em Sintra, ou em Évora, ou na Praia das Maçãs ou no backstage do palco do antigo edificio junto aos antigos Correios (vulgo Zarabatana). Vamos, doa a quem doer... (a mim já me doeu o suficiente).
Arigatou Gozaimashita.”

A minha primeira tentação foi rasgar a foto, tal era a afronta para com a instituição e para com personalidade em causa. Mas logo reparei que vinha em formato digital.. não dava para rasgar. Ok, venceste, ó Anónimo. Deverás ser um daqueles apelidados como a "Vergonha dos Olhos Azuis".
Mas porquê trazer de volta os demónios e pesadelos do passado? Já enterrados (mau termo, face ao contexto) e esquecidos? Quem és tu e como ousas atacar pessoas que, só porque viviam sozinhas, davam-se bem com crianças até terem 14 anos, davam-lhes boleias, faziam questão de obrigá-las a tomar banho após um treino e faziam-lhes cócegas nas suas virilhas?

Escusava de me relembrar disto tudo. Após quase 15 anos já conseguia ver, novamente, o Karaté Kid no Canal Hollywood. A Elisabeth Sue voltava a ser uma pita algo anafada, longe de imaginar que iria embedar-se com o Nicolas Cage.

Desculpa, mas não serei a tua Felícia Cabrita.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

"This is for you...Shidoshi!"


No dia de ontem (20 de Janeiro de 2009), o ilustre fundador deste espaço, JLM, deu mais um passo rumo à sua merecida canonização.
No meio dos seus mentores espirituais e acompanhado por boa parte dos seus ilustres amigos e familiares, JLM deixou ainda mais para trás todos aqueles que, orgulhosamente, se declaravam como vices. Ao desafio da frase "Já sou Vice!", JLM respondeu com um bem claro, "Já sou Mestre!".

JLM entra agora na galeria dos poucos Mestres dignos do nosso respeito e admiração: Mr. Miyagy; Shidoshi; Mestre Amélias; Mestre Dacú Linária; José Manuel Mestre; Grão-Mestre; Mestre de Avis.

Parabéns JLM!