quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Já que o pai deste blog cagou no filho, continuarei a alimentá-lo

"Solo voy con mi pena
Sola va mi condena
Correr es mi destino
Para burlar la ley
Perdido en el corazon
De la grande Babylon
Me dicen el clandestino
Por no llevar papel "

Manu Chao - Clandestino

Um olhar menos atento diria que, a julgar pelos versos acima citados, Manu Chao conhece bem o lugar que hoje vamos falar, o Babilónia. Porquê falar sobre este local de tão má memória para muitos jovens se, para além de ser um sítio que todos querem esquecer que pelo menos uma vez lá entraram, não está localizado no nosso burgo?
A nossa cidade nem sempre foi grande. A nossa necessidade de explorar, alargar horizontes, comprar ténis que não haviam na Andorinha ou no Jota Pimenta, comprar música pirata, ou "aliviar" os bolsos do dinheiro recebido no Natal, fez com que, muitos de nós, tivesse que se deslocar a este mítico centro comercial de uma cidade vizinha.

O Babilónia era (ou é, pois as tradições não se perdem assim de forma tão leviana) um local de catanço puro. Maior que o Colombo, facilmente uma pessoa se perdia lá dentro. Quando penso no despesismo público que foi a construtução de tantas infra-estruturas para a Expo 98, quando já existia neste lugar tantos pavilhões multiculturais, dá-me uma dor tão grande só superada pela a dor sentida por uma colega nossa que trabalhou no Macdonalds do Babilónia, que se queimava diariamente nas mãos e braços até descobrir que havia um instrumento muito útil para virar hambúrgueres, a espátula.

Ir lá significava iniciar uma Cruzada. O combate ao Infiel obdecia a regras duras mas que podiam salvar vidas. A viagem demorava uma eternidade e oferecia inúmeros perigos. Desta forma, a partida tinha que ser sempre feita após o almoço, quando estávamos devidamente alimentados e preparados fisicamente para ter que começar a correr a qualquer momento. No mínimo, tinham que participar na odisseia duas pessoas. Ir sozinho era caminhar antecipadamente para o cadafalso.

Mas nem tudo podia ser mau. No Babilónia existia uma maravilhosa casa de croissants, O Lago, que, quando o dinheiro que ia nas cuecas não tinha sido descoberto pelos índigenas, era um local obrigatório para se retemperar forças para a viagem de regresso. Reza a lenda que há gente que, deste establecimento, "não pode ter razões de queixa!!".

Babilónia... Deixei lá bons amigos... no Babilónia e pelo caminho. Quando soava o alarme era cada um por si, sem nunca olhar para trás... Alguns continuam Missing in Action à espera do seu Coronel Bradock.

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