quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Do céu ao inferno

Os estimados leitores pensarão decerto que andei por alguns retiros espirituais para, depois de tanto tempo de silêncio, vir agora para aqui com estes títulos manhosos... Posso-vos garantir que não. E até digo mais. Estou irritado comà merda.

[Faço aqui um pequeno excurso para me referir às capacidades infinitas que o "como" tem na Língua Portuguesa: é boa comó milho; é grande comó caralho; tá rico comàs putas; enfim... Reparem que utilizei sempre formas contraídas, o que demonstra uma evolução e uma riqueza da linguagem que não é fácil de encontrar noutros idiomas europeus, ou pelo menos, nós não os conhecemos...]

Dizia que a irritação se apoderou do meu ser. E razões? Pois bem. Acontece que queria escrever sobre as famosas Botas Jimmy Doyle, e como através deste precioso calçado, podemos ver um pouco das flutuações espirituais da juventude que calcorreava a nossa "rua sem fim"; mas, depois de largos minutos no Google, não consegui encontrar uma única foto de um par dessas famosas botifarras...

Para ir depressa, que a prosa já vai longa, não importará aqui conhecer percursos individuais. Importa sim dizer que estas botas estiveram presentes nas fases techno, metal-satanica e "simplesmente chunga" da nossa geração. E houve gente para tudo. Para começarem como pastilhados e acabarem a adorar o Satã. Para começarem como meninos da catequese e acabarem com um dizer na mochila do tipo "Jesus is a Cunt".
Vejamos:
Na fase techno estas botas foram ridículas, pois não devia ser nada confortável dançar até de madrugada a alombar com aqueles mastodontes... Só mesmo drógados...
Na fase metálico-satanica, estas botas estavam relativamente bem adequadas ao perfil monolítico e cro-magnon dos seus membros mais dedicados. Combinavam sempre bem com uma cruz invertida ou com um penta qualquer coisa: ver o caso genial de Abílio, o australopiteco mais puro sangue do Liceu.
A fase chunga foi a que mais perdurou. Ainda hoje se vê ao sábado à tarde no Continente, muitos recém-adultos que continuam a achar o máximo daquelas botas e continuam a usá-las mesmo com o costumeiro fato de treino de lycra, marca Laika...

Mas o exemplo mais cimeiro diz respeito ao Pachá. Ele que foi menino da Catequese, converteu-se ao Satanismo antes de acabar o Liceu. Deixou crescer o cabelo, deixou os acólitos, deixou a via sacra de Jesus, deixou de ser apresentável. Deixou tudo por ele: pelo Diabo.

Juntou-se aos satânicos e era vê-los em horda, a caminho da Serra, em sextas-feiras de Lua Cheia... Com as suas Jimmmy Doyle, a escalar escarpas rumo ao Inferno...

Deus seja louvado!

1 comentário:

asvezesanoite disse...

tive umas parecidas mas de qualidade inferior!