Do céu ao inferno
Os estimados leitores pensarão decerto que andei por alguns retiros espirituais para, depois de tanto tempo de silêncio, vir agora para aqui com estes títulos manhosos... Posso-vos garantir que não. E até digo mais. Estou irritado comà merda.
[Faço aqui um pequeno excurso para me referir às capacidades infinitas que o "como" tem na Língua Portuguesa: é boa comó milho; é grande comó caralho; tá rico comàs putas; enfim... Reparem que utilizei sempre formas contraídas, o que demonstra uma evolução e uma riqueza da linguagem que não é fácil de encontrar noutros idiomas europeus, ou pelo menos, nós não os conhecemos...]
Dizia que a irritação se apoderou do meu ser. E razões? Pois bem. Acontece que queria escrever sobre as famosas Botas Jimmy Doyle, e como através deste precioso calçado, podemos ver um pouco das flutuações espirituais da juventude que calcorreava a nossa "rua sem fim"; mas, depois de largos minutos no Google, não consegui encontrar uma única foto de um par dessas famosas botifarras...
Para ir depressa, que a prosa já vai longa, não importará aqui conhecer percursos individuais. Importa sim dizer que estas botas estiveram presentes nas fases techno, metal-satanica e "simplesmente chunga" da nossa geração. E houve gente para tudo. Para começarem como pastilhados e acabarem a adorar o Satã. Para começarem como meninos da catequese e acabarem com um dizer na mochila do tipo "Jesus is a Cunt".
Vejamos:
Na fase techno estas botas foram ridículas, pois não devia ser nada confortável dançar até de madrugada a alombar com aqueles mastodontes... Só mesmo drógados...
Na fase metálico-satanica, estas botas estavam relativamente bem adequadas ao perfil monolítico e cro-magnon dos seus membros mais dedicados. Combinavam sempre bem com uma cruz invertida ou com um penta qualquer coisa: ver o caso genial de Abílio, o australopiteco mais puro sangue do Liceu.
A fase chunga foi a que mais perdurou. Ainda hoje se vê ao sábado à tarde no Continente, muitos recém-adultos que continuam a achar o máximo daquelas botas e continuam a usá-las mesmo com o costumeiro fato de treino de lycra, marca Laika...
Mas o exemplo mais cimeiro diz respeito ao Pachá. Ele que foi menino da Catequese, converteu-se ao Satanismo antes de acabar o Liceu. Deixou crescer o cabelo, deixou os acólitos, deixou a via sacra de Jesus, deixou de ser apresentável. Deixou tudo por ele: pelo Diabo.
Juntou-se aos satânicos e era vê-los em horda, a caminho da Serra, em sextas-feiras de Lua Cheia... Com as suas Jimmmy Doyle, a escalar escarpas rumo ao Inferno...
Deus seja louvado!
1 comentário:
tive umas parecidas mas de qualidade inferior!
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