"Puta vida merda cagalhões"
Bienvenido al canal Titan. En momentos se muestra una cronica que contiene palabras que pueden herir la sensibilidad del espectador.
Numa sociedade regida pelos paradigmas normais da boa educação, o uso do calão, "alhos e bugalhos" e outro tipo de "caralhadas" (daquelas que o senhor Carlos do Vegas evitava a todo o custo para não ofender "mulheres casadas") é altamente discriminado e proíbido. Pelas grandes viagens que já fiz na minha vida (e foram muitas desde da No até Lisboa, pelo comboio), vi que essa sociedade que a minha mãe sempre me falou e fez questão de me incluir, deve estar mais longe do aquilo que ela pensa. Eu diria mesmo que poucos a habitam. Aliás, deve ser mais difícil entrar nessa Sociedade do que "sacar um boquete" a mim próprio. E não é pelas costelas ou por falta de elasticidade, é que é mesmo mitra e cheira a fénico constantemente, e depois também há o beribéri...
E quando não conseguimos juntar-nos a um grupo só temos uma coisa a fazer, criar um outro grupo, de preferência totalmente o oposto do que está em vigor. E foi isso que fez a personagem de quem hoje vos quero falar, o Titan.
Titan só sabe dizer asneiras. Não é dizer merda, é mesmo dizer palavrões. Em toda a frase que profere há sempre meia dúzia de caralhadas que, à primeira vista parecem descontextualizadas, mas, no mundo de Titan, fazem todo o sentido. Para Titan, os palavrões são a pontuação de uma frase bem falada ou escrita. São os adjectivos, as metáforas, os advérbios, o sentido das frases, são uma gramática completa de trazer debaixo da língua. A frase, a questão, o paleio, tudo isto só fica completo se tiver uma obscenidade.
Quando Titan nasceu e o médico lhe deu as palmadas no rabiosque cheio da goma da bejuegua de sua mãe, Titan não chorou. Em vez disso, virou-se para o médico e carinhosamente (como qualquer bebé quando é bebé) disse-lhe: "A quem é que estás a bater ó filha da puta? Se queres bater bate aqui uma pívea, cabrão do caralho! Devias era ir pá cona da tua mãe mais longe!". Logo aí se viu que Titan não era igual ao comum dos mortais. Mas também não era diferente, era Especial. "Pronto Titanzinho, já passa, o dr. já vai levar tautau. Mau!", terá dito sua mãe para o acalmar, ainda desconhecendo que aquele era o estado normal do seu rebento. "Cala-te mas é ó puta do caralho! Dá cá mas é as tetas para eu mamar antes que te ponha aí o Zé que Chupas para sacar uma ganda espanholada e mandar-te molho inglês para as trombas!", retorquiu Titan, com a bem vincada ingenuídade de uma criança acabada de ser colocada nesta selva.
Titan cresceu, foi aprendendo e inventando mais palavrões para completar as suas ideias e pensamentos enquanto dialogava com os seus amigos (que por sinal foram sempre dos mais retardados da história local, vá-se lá saber porquê). Na escola, as idas ao quadro nunca eram amigáveis aos ouvidos mais sensiveis. "Em que ano se deu o Grande Terramoto de Lisboa, Titan?" perguntou a sua professora. "É fácil, mas antes de mais vai pó caralho! Foi no ano de 1755 no dia em todas as putas e paneleiros da merda de Lisboa foram às igrejas fazer broches aos padres e comer cagalhões cheios de hóstia", respondeu Titan. "Escusava de ser tão completo, mas está certo. Olhe que no teste tem linhas limite para responder às questões, seja mais sucinto.", aconselhou a prof.
Entretanto fui perdendo o rasto a Titan. Sei que dá aulas de português a jogadores de futebol estrangeiros, que cumprem a primeira época no nosso país. O último diálogo que assisti foi no seu casamento com o Petit, o único com quem é capaz de falar sem que o outro se ofenda ou dê o devido troco. A cerimónia passou-se da seguinte forma:
Padre: - Titan, aceita casar com o Petit Trabuco equipado à Boavista e que tem como padrinho o Martelinho? E tu, Petit?
Titan: - Com todas caralhadas que tenho na boca para dizer hoje e sempre!
Petit: - Fodasse! Nem que eu tenha que pedir outro caralho de outro nariz ao cabrão do João Garcia da próxima vez que for aos Himalaias, hei-de ser sempre bonito para o meu grande Monte de Merda que é o Titan!
Bonito, não é? E praguejaram felizes para sempre...